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Publicação: 08/03/2013 10:15 Atualização: 08/03/2013 10:20
O Engenheiro e professor da Universidade de São Paulo, Javier Mazariegos Pablos, desenvolveu o concreto ecologicamente correto, que substitui areia, pedra e água por materiais reaproveitados |
Segundo o engenheiro autor do estudo, Javier Mazariegos Pablos, a ideia principal do projeto é preservar os recursos naturais e evitar a enorme contaminação dos aterros industriais. “O concreto tradicional emprega cimento, areia, pedra e água, enquanto o sustentável substitui 70% da areia natural por areia de fundição - utilizada na fabricação de moldes de peças metálicas e 100% da pedra por escória de aciaria - resíduo que sobra da produção do aço, além de reduzir em grande quantidade o uso de água”, explica.
Ecologicamente correto e econômico
Os moldes feitos para a fabricação de peças de metal são compostos basicamente de areia de fundição e argila. “O metal, derretido a quase 1400 graus, é colocado no molde, depois de tomar a forma, o molde é destruído, porém somente 10% do que restou dele pode ser reaproveitado para a fabricação de novos moldes, os outros 90% são descartados”, conta.
O pesquisador explica que a areia de fundição é facilmente doada pelas fabricas, que descartam cerca de 400 toneladas dessa areia por mês. “No fim das contas os dois lados ganham com o uso desse material. Para o descarte, os aterros industriais cobram em média R$ 200 por tonelada, ou seja, doar acaba sendo bastante vantajoso para as fábricas”, ressalta.
O concreto sustentável, além de evitar o grande descarte de resíduos, colabora para que a areia não seja retirada do meio ambiente. “O concreto convencional é, na maioria das vezes, feito com areia retirada dos leitos dos rios, isso pode causar assoreação e mais uma série de danos”, comenta.
De acordo com Javier, por conta da facilidade em conseguir a matéria prima, o custo da produção do concreto sustentável é bem menor do que o do concreto normal. “O produto que nós desenvolvemos ainda não está à venda, mas duas industrias já estão interessadas em comprar a patente, e se comercializado, certamente vai custar mais barato que os outros”, conta. Segundo ele, o projeto, desde o inicio, nunca teve pretensão em concorrer no mercado com outros concretos. “O objetivo final não é lucrar com vendas, mas sim melhorar as condições do meio ambiente e preservar os recursos que ainda nos restam”, afirma.
Calçadas, guias e contrapisos
O concreto sustentável não pode ser usado para fins estruturais, somente para pavimentação, calçadas, contrapisos e outras áreas que não sofrem tanto esforço. “Na verdade esse concreto é tão resistente quanto o convencional, mas como ainda não foram feitos os estudos, que levam mais de 20 anos de observação do comportamento do material, não é aconselhável usar”, alerta.
Segundo ele, vários testes foram feitos para comprovar a resistência do produto. “Quando aplicado em calçadas, por exemplo, agüenta toneladas sem sofrer danos. Isso acontece porque as calçadas são apoiadas no chão, diferente das paredes, que sustentam o peso da casa”, esclarece.
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